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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Novos Olhares





"Resistir. Palavra gesto, força.
Resistir na imagem. Imagem-resistência.
A vida afirmada como vida vivida.
A experiência. A memória. Forma de resistir no tempo. Forma de apontar no tempo. Forma de emergência no tempo. Memória. Olhar seletivo. Buscar no mundo o que se deve, o que se quer olhar."


(Agnès Varda)



quinta-feira, 26 de junho de 2008

Metáforas de Libertação - Parte I - A Alma


Minha alma se dilata

busca mais espaço deformável

quer ser livre

quer correr!

amar

apenas ser...

Minha alma se alarda

e se perde nos momentos em que sinto

todo o vazio da solidão

palavras soltas

em oração

Minha alma precisa respirar

pólen para frutificar

a seiva que escorre pesada

em uma viscosidade impenetrável

Minha alma precisa do tempo

um tempo imperfeito

indecifrável valor

para sentir cada acorde

cada sentimento

Minha alma sobrevive

em um pêndulo absurdo e gigante

vestida de poesia e tecidos finos

que ao vento se dissipam

que devolvem à terra

o nascer de um novo dia

Minha alma está aflita

sôfrega, insandecida

buscando libertação, desconstrução

dança de estranha sublimação

um novo desenho

metafóricamente inviável.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Idéias para o instante seguinte...
































"... As pontes são inúteis, a menos que cubram totalmente a distância entre as margens. No
“viver juntos” a outra margem esta envolta numa neblina que nunca se dissipa, que ninguem deseja dissolver nem tentar afastar. Não há como saber o que se vai ver quando (se) a névoa se dispersar - nem se de fato existe alguma coisa encoberta. A outra margem esta mesmo lá, ou será ela apenas uma fada morgana, uma ilusão criada pela neblina, uma fantasia da imaginação que nos faz ver formas bizarras nas nuvens que passam..?"


(Adaptado de Amor Líquido, de Zygmunt Bauman)

Tratado das Paixões da Alma*






'...os afetos são idéias essencialmente (e não apenas acidentalmente) confusas porque oriundas da união de duas substâncias simples e incompatíveis: o corpo e a mente; no entanto, é a união - desencontrada e traumatizante - de duas substâncias simples o que constitui o homem na sua essência como ser paradoxal, ambíguo, no limite do pensável...'

*Livre-adaptação de Descartes.


segunda-feira, 16 de junho de 2008

O topo invertido


O velho com corpo já derreado pelo tempo

pelo peso carregado de almofadas... de pedra

sentado, no centro da Terra

no topo do mundo

Observa, sem pressa, a estrela-maior

criando a ilusão que não seria de óptica

cria distâncias e arrebenta a corrente que fere a carne

a pele descama, pedaços se soltam

e solitária a mente flutua neste espaço...

O céu não trouxe o acaso

em um prato fino de porcelana branca...

O velho adoece de frio e a boca seca

as emoções que o faziam chorar

E depois que a noite chega, cala em um silêncio

que nem a dor visceral consegue traduzir...

transmite a história marcada no reverso

do caminho...

o caminho...

O velho renasce, com a ponta do sol

que surge discretamente imponente

no canto do quadro divinamente natural

E traz calor... aquece e dilata

o acalanto do espírito

antes castigado e ressequido

agora aberto e renovado

sincero...

Por dentro não existe mais matéria

Por fora não existe decomposição

Apenas o processo que sugere e digere

translada e transfigura

nas marcas de um rosto fragmentado

duvidoso

e que carrega em cicatrizes mapeadas

as marcas dos sentidos.

Perder-se é caminho... (Labirinto I)


Pequena sonhadora

com a sonoridade retumbante de sinos cósmicos

com pernas curtas demais para tamanha avidez

a percorrer labirintos de plástico uniforme vermelho

brinca e corre: groselha, morango, coração

chora, derrama, espalha lucidez sem hora, não...

o riso inconstante

intercala com sua estranha comunicação

com imaginários personagens e segundo de oração

de fino açúcar confeitado, e roupas comestíveis

com cores de anilina, e sonhos de verão!

são flores os caminhos,

espinhos... opção.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Abstração do sentir



































De volta ao mundo as abstrações
Ouvir o som das folhas secas

do seu movimento não pré-meditado

Sentir o sol por frestas da vegetação, sombras a brincar

que mudam com a intensidade da minha alma

Cada passo se torna poesia

assim como o buraco negro de seus olhos...

que me convidam a uma viagem desconhecida

que cegam e me revelam ao mesmo tempo

o mundo imaginário dos sonhos.
Não, eu não quero acordar agora.

Quero ficar assim, em transe

com os olhos fechados, braços abertos,

deitada sobre as flores da nova primavera.

Em transe, por um instante ou segundo que seja

a expressão do infinito
a dimensão deste momento de incomum delicadeza.
Onde o mundo por inteiro envolve, consome, se dissolve

no ser, amor, no pretérito imperfeito de todas as coisas.



Imagem: Inês Gato II

Mudança de estações...





































Depois do silêncio, a mudança das estações...
Dias de sol, de chuva com gotículas suaves, tempestade, vento insano, mais sol, folhas espalhadas pelo chão, guache borrada, lágrimas, sonhos e vida... AH!! A vida que espreitava tudo à distância...