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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Olhos fechados. É a primavera...




Um cansaço visceral. De ser, de brincar de entender o que nem sempre quero ver.
O baile começou... mas me sinto distante, atraída pelo frescor da noite, lá fora.
Estou cansada. De tanto, de todos, de mim, por tão pouco. Talvez não seja nada... apenas a primavera que chega, bela.
Meus ombros dóem, as pálpebras pesam. Pupilas dilatadas pelo sal aguado que insiste em surgir, mesmo quando me sinto esgotada pela noite insone. O dia logo renasce e estou parada no ponto em que me perco todos os segundos.
Observar a movimentação lá fora exige tanto e tanto... no entanto, não me lembro em que momento resolvi dar início ao processo..? Existiu mesmo, em algum tempo, um divisor de águas..? Estas águas densas e nefastas? Em que momento passei a sentir esta dor mais forte? Uma dor pela morte emocional diária, de todos. O êxtase da descoberta velada nos olhares.
Claridade e escuridão se completam e coexistem, mesmo em eterna crise de percepção... É só a primavera, que chega, suave e bela...





Trilha sonora:

November

Azure Ray

So i'm waiting for this test to end
So these lighter days can soon begin
I'll be alone but maybe more carefree
Like a kite that floats so effortlessly
I was afraid to be alone
Now im scared thats how id like to be
All these faces none the same
How can there be so many personalities
So many lifeless empty hands
So many hearts in great demand
And now my sorrow seems so far away
Until i'm taken by these bolts of pain
But i turn them off and tuck them away
till these rainy days that make them stay
And then i'll cry so hard to these sad songs
And the words still ring, once here now gone
And they echo through my head everyday
And i dont think they'll ever go away
Just like thinking of your childhood home
But we cant go back we're on our own
Oh,
But i'm about to give this one more shot
And find it in myself
Ill find it in myself
So were speeding towards that time of year
To the day that marks you're not here
And i think i'll want to be alone
So please understand that i dont answer the phone
I'll just sit and stare at my deep blue walls
Until i can see nothing at all
Only particles some fast some slow
All my eyes can see is all i know
Ohh..
But i'm about to give this one more shot
And find it in myself
I'll find it in myself





Faça-se a luz




Mova-se pleno
Mesmo no deseqüilíbrio
Desconecte e realce os canais
e o caminho da dança
no infinito

Solte as amarras
e a areia fina pelos dedos das mãos
Sem tempo para parar
ofegante e com ritmo
Sinta cada sentido
neste cósmico espaço anil
do desafio.



Trechos de Mindwalk, de encontro com a claridade destes dias:

E como a luz, muitas outras partículas de alta energia, os raios cósmicos bombardeiam a Terra. Todas estas partículas colidem com o ar e criam mais partículas. Interagem, criam e destroem outras partículas e nós estamos no meio da dança cósmica de criação e destruição... todos nós, todo o tempo.
***

*Shiva, o deus hindu da dança.

Os hindus crêem que a dança deles sustenta o universo, que a dança deles é universo, um fluxo contínuo de energia passando por infinitos padrões que se dissolvem uns nos outros.
***

A vida é auto-organizadora. Um sistema vivo se mantém, se renova e se transcende sozinho... se estende e cria novas formas. A dinâmica evolutiva básica não é a adaptação, é a criatividade... Cada organismo vivo tem potencial para a criatividade, para surpreender e transcender a si mesmo...
***

...evolução é muito mais do que adaptação ao meio ambiente. O que é o meio ambiente senão um sistema vivo que evolui e se adapta criativamente? Eles co-evoluem. A evolução é uma dança em progresso...





segunda-feira, 22 de setembro de 2008

"As pedras falam, e eu me calo"



Sempre brilhante. Um trem para as estrelas. Traz uma terra de sonhos possível. Corpo flutua e distancia. Meus olhos dentro de outros olhos. E a falta de toque, de tato. O tempo existe e desata minha alma. O tempo dita o mais incerto, e o mais puro. Sem melodias de amor, nem de ira. O som é doce e embala o meu imaginário... sei do que sinto, mesmo quando brinco que não sinto mais... Diluo as doses por todos os poros. O buraco do espelho está com espaço demarcado. Sem mais esperas. Nem sacrifícios. Passei sorrateira pela sala de visitas. Isto não é uma oferenda. É a possibilidade de vida, mesmo quando não me resta muito oxigênio.

Show do Arnaldo Antunes, sexta-feira, 19 de setembro de 2008.



"Se tudo pode acontecer"
(Arnaldo Antunes)

Se tudo pode acontecer

se pode acontecer qualquer coisa
um deserto florescer
uma nuvem cheia não chover

pode alguém aparecer
e acontecer de ser você
um cometa vir ao chão
um relâmpago na escuridão
...




sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ensaio sobre a lucidez I



* Tempo afora - Ney Matogrosso

"...Onde a alma se lava aonde o corpo me leva
onde a calma se espalha onde o porto me espelha..."





***


Asperamente real
Quanto a compartimentação dos sentidos
Feminina flor que desprende pétalas
amolecidas pela falta de lucidez
Umidificadas mãos aflitas
Buscando o tato de fina dedução
Buscando o laço (des)afetivo, a comoção
com toda a densidade de apenas ser
sentir sua doce perdição.






Imagem: Roy Lichtenstein



A dança cósmica



"A loucura do grande vôo...
A transcendência não está além, mas nas gotas de orvalho das folhas de grama...

A eterna repetição. A incompreensão do vôo. Para cada distância, a anti-distância. O vôo e o anti-vôo. O itinerário se faz no interior da gente."


(A Divina Comédia Brasileira - José Roberto Aguilar)

























Que viagem meta-sensorial
Com o frescor de uma pré-primavera a se fundir
Com a intensidade de raios solares
Com a excitação que só o vento causa
Em sua interminável assexuada existência

Que casulo magicamente invisível
Com flores e frutos frescos
Com palavras e sem bom senso
Com vícios e gostos acesos
Em sua incansável dança em frenesi eterno

Deixo a janela da alma aberta
Para a fusão do vento com a dança
Para expansão da explosão metafísica
Na poesia embevecida pela vida
Tempo afora, eu tenho o tempo do mundo
no cosmicamente improvável tempo de todos.








quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Protesto!

Gostaria de um dia entender o que se passa no coração das pessoas. Que caminho árduo até a verdade! Por que existe esta tendência à difamação? À inverdade? À ludibriar a intuição alheia e execrar dos seres a menor possibilidade de ter sido mal-interpretado? Não entendo... Se não se busca nada, pode-se ter 2 caminhos: a verdade e a mentira. Mas se estou pedindo nada menos que a verdade, não existem tantos caminhos que não sejam corruptíveis.

Escrevo agora um desabafo-protesto para o desapego. Preciso me desapegar da mania de mentira do outro, mesmo quando ofereço afago com minhas mãos ansiosas. E permito-me repassar os detalhes de meus atos, para tentar enxergar além dos meus conceitos.

Expressar opinião para mim não é julgar. Não sou nem nunca servi como modelo social. Talvez nem acredite nestes. Como poderia falar e agir de acordo com o que sinto e penso fazer sentido, se não for por meio de uma opinião ou emoção sobre um acontecimento? Pensava ser intolerante com as pessoas, mas sinto-me idiota e ingênua por acreditar que as pessoas me falam a verdade, quando as olho nos olhos, e a peço.

Sonhei não ter medo ou receio da verdade, sem pensar que a verdade é algo muito raro e velado para o geral das pessoas, independente de crenças, gênero, estilo ou casta, seja lá o que isto significa. E sinto o sabor da perdição na maldade inconseqüente, no sentido de ganhos e perdas, neste jogo social que tanto esgotei. Na imaturidade para ouvir e jogar limpo. É demais?

Não suporto a idéia que as pessoas dissimulem tanta coisa! Existem aquelas que preferem a omissão, a reinvenção de histórias em um formato de quadrinhos borrados. No entanto, sempre fui muito transparente com relação às minhas expectativas com as pessoas com quem convivo. Desejo a verdade no ar que respiro.

A verdade! Sabe como é? Não sabe, não é mesmo? É mais fácil e curto o caminho do faz-de-conta. Faz-de-conta que eu te respondo o que me perguntas. Faz-de-conta que eu escutei e digeri o que foi dito. Ah..!

E quando se pensa "ah, vai saber qual a formação que esta pessoa teve?"... pensa-se "ele deve conviver em um meio onde a representação seja comum". Ou cresceu com valores dissecados. Imagine a surpresa! Nada disso. A pessoa parece sensível, com valores familiares sólidos. Doce até. O doce mais fajuto e embolorado. Que arda a cada passo nesta brasa que afunda. Porque o inferno mora ao lado, e o diabo nosso interior espreita o coração fraco e frio dos seres ditos "humanos".


Aline Stürmer

15 de setembro de 2008

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Tic Tac

É quando você se vê em um meio hostil que é possível olhar mais adentro de sua própria natureza...



silêncio
vento

passagem
secreta

palavra
incerta

o tempo
no tempo


"O sonhador tem que acordar"







Rasguei as vestes
Tecidos finos, sem cor alguma
Alma nua
em um banho acetinado com a verdade
Espumas verborrágicas
aflitas dissolvem-se no todo
Bolhas translúcidas de palavras
trucidadas no silêncio indescritível
neste roteiro sem lógica
...



Purificai as lágrimas
destas inverdades reveladas
em seres tão pequenos quanto ilusórios
Não iluminados, deitam-se com a tristeza
e a sombra da ignorância
Ignorância em não ler,
não ouvir e nem sentir o que
somente a construção da verdade
pode edificar

...
Um brinde aos queridos seres de convivência dúbia!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Vôo astral



Enquanto a ciranda se forma...


- Não sou uma borboleta, tia Sara! Eu sou um cavalo-marinho!

- Como assim, menina? Cavalo-marinho é para meninos azulados e solitários, que tem forma híbrida!

- Feminina? Ouvi um dia que anjos não tem sexo. Não escolhem. Apenas sobrevoam seres que precisam de maior proteção. Que significa que...

- ... significa que existem seres especiais que são capazes de perceber quando um semelhante perde o brilho do olhar. Que captam uma atmosfera mais densa no entorno da pessoa, e conseguem diluir a névoa com a simples luz dos sonhos.

- Mas... saberia distinguir esta luz da euforia banalizada? Do escárnio de pessoas com alma ao avesso?

- Consegue sim, Malu. É só não se deixar enganar pela ilusão de óptica, o holofote imaginário que cega o coração da pureza... Siga as pistas deixadas por tua intuitiva verdade, que não haverá perdição em tua estrada.

- Nossa, tia... tem detalhes demais pra se pensar. Tantos que parece que nem consigo me dedicar ao mundo dos sentidos. Não dá pra viver cada coisa de uma vez só? Separar o raciocínio da emoção? Ser humano é complexo demais... eu não entendo o que vejo.

- É tão complexo, quanto rascunhável. Pode ser simples, se conseguir enxergar que a essência nunca será perdida, uma vez que mesmo dissipada pelo vento, consegue florescer e desenhar borboletas! Pode ser conturbado, se insistir em manter a venda sob as janelas da alma, e persistir no que causa sofrimento.

- Saberei entender a essência? A minha, misturada com a dos outros seres? Joaninhas, abelhas, flor-de-lótus, saúvas, ouriços e crianças..? Não aprendi a fazer essa leitura...

- Saberá sim. Quando entender como a sua essência é interligada à todas as outras, você está pronta para amar e tornar-se o que quiser... até um cavalo-marinho!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Lírico?





O caos parecia perfeitamente instalado e harmonicamente perpetuado na metrópole que exporta sonhos com prazo de validade. É tempo de trucidar: informações, culturas, pessoas.
1a. torre.
Subestimar a capacidade de subverter um sistema. Todos pensavam que viviam em um estado de ordem, perfeita e exata. Esqueceram o passado e o desejo de romper limites.
2a. torre.

A ilusão de controle: causar impacto no que seria uma "potência" super estimada. Algum cientista político prognosticou: uma antropofagia com vestes bélicas e aéreas, escondendo e rebelando o abismo das diferenças, que estão muito além de pontos religiosos ou fanatismo moral. Uma eterna busca pela ilusão de eqüilíbrio em desconstrução...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

À flor da pele ou segundos de lucidez...






A mudança de estado da matéria: os pés que afundam na areia úmida, sugando dela a vitalidade, ou trazendo com cada passo, o peso e a verdade das coisas. A parte do todo do corpo, o fragmento de carne que tenta integrar a paisagem de fina natureza.

Quebrar a tenacidade. Extensões elásticas... e sombras dos passos pela areia. A caminhada é tão infinita! E os passos mudam. Reconfiguram-se. Desmancham em meio às partículas silicosas. Perdem-se as marcas pelo vento, mesmo que a verdade continue existindo. A verdade existe para quem sente. Mesmo que se pense que o que se sente é o transtorno transbordado.

Estupefata, sincera e à flor da pele. Este fora o desejo interior maior. Deixar meus pensamentos ao deleite das ondas. Entender espumas brancas como o espasmo-escape do frenesi erotizado do mar. O mar é masculino. E tão assexuado! Só de olhar, minha vista resplandece. Lucidez de mente e de coração ao apontar o desapontado horizonte. Está distante. E intocável desenho de uma linha única e sequencial. Intransponível. Precisava olhar para esta linha imaginária para entender com o que estou rompendo, e para onde meus olhos me levam neste instante.

O vento é doce e destrói castelos. Fico cega por segundos para recobrar a consciência de minha natureza complexa. E neste momento, em que fechar os olhos e sonhar é o que basta, consigo atingir o que não se explica em tempo algum... vejo a claridade de tantas almas em ebulição, ansiando pela grande mudança. A hora da estrela se esconde no horizonte aéreo de profunda paz rebelada... a revelação.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O insustentável peso de nuvens meteóricas...





Até que pensei que seria mais pesado?
Ou a bandeja aumentou?
Serva fiel? Negativo!

Leal sim, sem a menor dúvida.

Eqüilibrista.


Tentei em vão a lucidez dos meus segundos.

E mesmo assim, a claridade traduziu o giro
por detrás do giro.
E o que se viu foram sombras ao avesso
.
Letras voadoras
presas delicadamente à estratosfera

e ao fogo consumido pelos olhos.

Minhas mãos guardam marcas,

e não é do peso sustentado

do que já se esvaiu pelo vento

Marcas como papéis amassados

guardando os desenhos secretos

do desejo, do lirismo

de meu ser feminino.

Meus ombros estão fortalecidos
pelos olhos-janelas em cores diversas
Um coração que sustenta
em pilastras ilusórias
divisor de águas
intermitente e com tantas curvas.

Consigo sentir o calor brando

da chama acesa pela simplicidade da vida

Enquanto meu corpo cruza
com tentativas de flechas

pelo lado sombrio do caminho

Enquanto danço
com passos
insanos e profundamente reais
pelo lado ensolarado do descaminho.

Flutuo. Eu e o mundo!
Sem fuga do caos

Sem desejo de olhar para o que ficou estacionado,
acenando em minhas costas

Sem eterno retorno.

Apenas a singela visão luminosa
do ponto concêntrico
onde encontro a pedra preciosa e selvagem
deste único instante.