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quarta-feira, 11 de julho de 2007

A poesia e o medo.

























Era isso. No meio de tanto lirismo, cantamos à Paulicéia o sonho de uma noite de verão... As luzes transmutavam, os objetos, que sempre representaram a absoluta solidez, estavam disformes, fora do foco. Não era tanta correria. Poucos carros, levemente frenéticos. Pessoas com sanidade mental duvidosa, e muitos olhares perdidos.

Não conseguia rir. Nem ser divertida. A idéia foi de reflexão mesmo. Pensar na formação do todo, na ocupação e interpretação do espaço... tudo teatral.
Pensei nas pessoas com quem tenho cruzado. Na essência reveladora delas. Na minha comunicação com o mundo...

Saudades das meninas. Naquele exato momento estaríamos rindo e atropelando as falas, passos rápidos, outras no ritmo de veraneio... Pensei na minha família tão polinucleada, tão reconfortante... e pesei minha ausência nunca desapercebida. Ausência íntegra e sincera, uma tentativa de me fortalecer e me resolver sozinha. Eu sinto, eles sentem, neste momento, ninguém suspira.

Era isso, exatamente. No auge da observação, da atmosfera de sonhos e bolhas mágicas de sabão, de dissoluções de imagens e sons urbanísticos, a violência. O deseqüilíbrio batendo sistematicamente à porta do país de maravilhas.

Cruzei o olhar e duvidei. Espreitei e me vi mais uma vez, sem capacidade de reação. Invasão de espaço. Perda de território? Que terra é esta? Não é minha, nem de ninguém..? Eu vivo a ilusão?

Quis correr... mantive-me imóvel. Quis reagir. Me vi encurralada, mas ainda assim, com vontade de quebrar essa coerção. Uma mistura nada fina de vontade de respirar a liberdade máxima, com o simples e humano desejo de simplesmente ter o meu espaço corporal respeitado. Minha individualidade, afinal... não tenho a intenção de agredir nada, nem nenhuma pessoa nunca.

Eis que surge a figura que sempre critiquei e duvidei Brasil afora. O velho "salvador da pátria"... o sonho paternalista enrustido. Duvidei. Desacreditei. Mas era isso mesmo... um tótem da libertação dos oprimidos. Sim..!!!! Até então, cheguei a duvidar de sua veracidade, e intenção. Infelizmente, a perda da crença no ser humano.

Sempre surpreendente esta vida. E cheia de aprendizados e livros dos prazeres. Cada flash, um capítulo intenso...
Como é bom chegar em casa. Tocar o lado basal de toda existência...
RÉQUIEM PARA UM SONHO.

(Créditos de imagem: M.C. Escher)









quarta-feira, 4 de julho de 2007

Acrópole de Buscas


Finalmente a grande São Paulo. Doce e colorida. Ágil, ensandecida. A multiplicidade das ruas, de seu movimento. Milhões de olhares perdidos, o pavor, o medo, o amor, e o riso. Realmente algo acontece ali. Tudo possível e imaginável. A cada esquina uma dúvida, nada tão lógico. A cidade que canta a solidão, sem receio. O estranho lugar das pessoas...
Não vou mentir. Sempre esperei muito de tudo. Um grande erro. E cheguei nesta terra sem fronteiras para me descobrir e testar a veracidade de minha essência. O grande sonho revelado. São múltiplos, doces, loucos musicalmente incríveis com suas sacadas, cada um com sua história, sua marca d´agua, com seu processo de revelação deflagrado, com uma forma diferente de sorriso, de olhar, de desejar, de consumir. Cada um com sua libélula, com sua forma de transformar e revestir a realidade.
Eu cheguei querendo absorver tudo. O desejo da troca, da necessidade em sentir o insustentável peso da realidade. Ahhhhh... e viver de sonhos! Sim. Como eu me apaixono pelas pessoas. Por sua falta de sentido, por seus gestos, por cada quadrinho. Cada pessoa esboça uma beleza incrivelmente atraente. Algumas pessoas por ser e respirar a essência pura da bondade, pelo ser humano. Outras pela loucura, pela abstração, pelo sorriso, pela densidade do olhar. São muitas realidades. Sempre um mosaico. E não posso me sentir impura ou desleal se desejo o melhor para cada pessoa. A sensação de abraçar o mundo e sair voando! Cada luz eletromagnética... O prisma absurdamente composto por tantas sensações...
Ainda preciso me encontrar nisso tudo. Neste processo, nesta evolução contínua. Quero acreditar em um mundo melhor. Preciso. A estrada pode ser bem longa, descontínua, obtusa. Não importa. A questão é existir e fazer algum sentido. São muitos sonhos conjuntos e desconexos. Eu queria me doar menos. Sentir menos... Grande mentiraaaaa! Quero sonhar para sempre. E ser feliz no meio do caminho.
Obs.: Trilha - Summer ´68 - Pink Floyd - sem comentários.
Not a single word we said
Delights still without fears
Occasionally you showed a smile
But what was the need
I felt the cold far too soon
The wind of '95
My friends are lying in the sun
I wish that I was there
Tomorrow brings another town
Another girl like you
Have you time before you leave to greet another man?
Just you let me know
How do you feel?
How do you feel?

O Coquetel de Apolo



Ahh... salve Astolfi!


Irmã, amiga e parceira de muitas histórias, que me enviou e acho de muito bom grado publicar aqui, em uma época de tantos devaneios sobre o universo masculino (bons meninos, me desculpem... sementes do mal, vamos arder no inferno! rs). Fiz questão de grifar, as características que todo "top de linha" da minha vida coincidentemente tinha ou que poderia ter expressado... hahahahaha... Eu não resisto...







O COQUETEL DE CARACTERÍSTICAS

Com o objetivo de acabar com seu vício em homens errados, eu gostaria de apresentar uma lista não oficial de traços que definem um homem errado. Eu a chamei de Coquetel de Características simplesmente porque o temperamento de todos os homens errados inclui uma combinação generosa de pelo menos três dos ingredientes listados abaixo, e exagerar nessa dose pode deixar uma garota com o estômago embrulhado.

- Indiferente o bastante para fazer você desejá-lo ainda mais
- Acessível o bastante para fazer você pensar que pode ficar com ele
- Misterioso
- Um objeto de estudos sobre contradições
- Estimulantemente sincero
- Assustadoramente incapaz de pedir desculpas
- Desconsidera limites
- Desonesto
- Maldoso
- Irrefreavelmente argumentador e desafiador
- Admiravelmente condescendente
- Emocionalmente problemático segundo padrões clínicos (ou seja, deprimido, raivoso ou obsessivo)
- Excessivamente lisonjeiro
- Só consegue manter a atenção por curto período de tempo
- Egocêntrico
- Manifesta emoções ou atitudes extremas
- Egoísta, mas introspectivo
- Bebe ou se automedica mais do que deve
- Age de modo dramático
- Despreza todo mundo, menos você
- Sexualmente inovador
- Hipócrita
- Aventureiro
- Finge ser virtuoso
-
Tem intenções questionáveis
- Assume riscos
- Carisma ilimitado
- Gosta de um duplo sentido
- Infiel
- Espera que você se encaixe em sua visão idealista e estreita de "como as coisas devem ser"
- Muda sua definição de Mulher Ideal caso perceba que você pode se encaixar nela





O COQUETEL DE GENTILEZAS

Pense no cara legal como um alimento nutritivo para seu espírito e que satisfaz seus anseios por um amor bom e sério. Veja como essas características de cara legal se combinam para criar um conjunto delicioso, quer você inclua um deles como suplemento durante sua recuperação, quer acabe por acresentá-lo a sua dieta regular. Para que o Coquetel de Gentilezas de um cara legal valha a pena, ele deve ter pelo menos seis dos açucarados ingredientes abaixo. Pode beber!

- Bondade
- Compaixão
- Empatia
- Respeito
-
Capacidade de comunicação
- Desejo de se comprometer
-
Opiniões fortes e seletivas
-
É sexualmente imprevisível
- Valores próprios
- Trata sua família como se fosse a dele
- Faz um esforço consciente para se encaixar em seu mundo
- Surpreende você com mimos bem escolhidos
- Modéstia
- Sensibilidade para captar momentos oportunos
- Capacidade de elogiar
- Autenticidade
- Sabe quando colocá-la em um pedestal, e quando tirá-la dele
- Acalma seus medos, neuroses e níveis de estresse
- Equilibra suas falhas
- Paciência
- Instinto protetor
- Dá apoio
- Coerência
- Sabe pedir desculpas
- Honestidade
- Altruísmo
- Bem-intencionado
- Sabe apreciar
- Reconhece seus talentos
- Acolhe seus defeitos

sábado, 23 de junho de 2007

Vambora!


"O tempo é o maior tesouro do qual o homem dispõe.
Embora inconsumível, o tempo é nosso melhor aliado..."


Voltei pronta e disposta a virar a mesa e sair andando.

Sentir o vento, caminhar sem olhar para trás. Sorriso no canto de olho. Óculos de sol. Sambalançando. Sem saber exatamente aonde vai dar meu descaminho... sigo e sobrevivo com um ar de graça e leveza.
Eu sou a outra.


terça-feira, 19 de junho de 2007

Last Night...


A noite obscura e curva. Só mais uma dose de conhaque... mais uma tentativa. Preciso mais do que nunca me testar. Testar meus limites, meu raciocínio e meu sexo.

A velha ciranda pelos corredores do Valentino. Os olhares através do espelho. Olhos ansiosos e corpos transpirando instinto. Lou Reed na vitrola. Quadros e imagens registrando o encontro com o desconhecido.

Beijos casuais, toques e propostas irrefutáveis noite afora. Voltar para casa no tédio, ou na adrenalina, com medo ou no cansaço pós-tesão... Aquele tesão mascarado por fantasias underground, visões oníricas de paredes sob a luz negra, dúvidas, fumaça, frenesi, bolhas mágicas de sabão e alguma poesia.

Todas querendo ser Capitus, em busca de um Romeo passional e denso. Buscando a feminilidade resguardada. A paráfrase velada. O sentido desconexo de nossa essência.

Causa e efeito da natureza. Sonhos e tecidos ao vento. Fomos todas livres e mente felizes...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Tira as mãos de mim!


A vontade de correr era muita. Rápida e sorrateira entre arbustos. Algo me fazia agonizar. Era a idéia martelando em minha cabeça. Aquelas mãos, os movimentos, o existir... faltava algo. Algo que eu saberia o quão distante de mim estivera. Porque buscar sempre a poesia? A busca por ser poesia ininterruptamente. Não apenas pedaços, a fragmentação da carne.

Eu queria ser cores, divertidas e autônomas. Mas você era de um branco agonizante... claro e luminoso aos meus olhos e sorriso. Você era a visão mágica da fusão que eu desejava. E acabamos num negro absoluto. Apenas uma chance de passagem secreta para nosso mundinho perdido, que ambos preferem guardar para depois... e a certeza de que as buscas continuam...

A tristeza sempre no canto do olhar. Apesar de toda alegria e desprendimento, você sabia para onde meu olhar me levava. Os descaminhos... eu podia ser Bárbara ou Ana de Amsterdã, sua natureza discretamente transgressora aceitava. Descobri muito tempo depois que você me deixava mais íntima de mim. E ainda escovava os meus cabelos com a doçura de um irmão.

E por que de tudo isso? Eu sabia o preço dos meus jogos... e ainda assim, me lançava, trapaças... Perdi um pouco da sua luz, hoje, especialmente hoje. Por minha causa. Meu instinto. E tenho visto que as borboletas continuam em sua diversificada dança, enquanto nossas estrelas estão cada vez mais distantes...
P.S.: Música "É minha!" - Marco Antônio Guimarães (Lavoura Arcaica)

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Jardim de Prazeres


Ali, encostada e respirando a suavidade do dia, da claridade amena, perto da luz, perto do sol, ela seria induzida ao erro mais sincero e óbvio. Leve, bem leve brisa do dia, do vento que transpassava endiabrado por suas entranhas... os sentidos confusos, a visão que de tão translúcida, escondia a essência da perdição. O perfume de maçã verde intoxicava o ambiente. Já não era mais seca, nem áspera. Sempre tivera esperança de se encontrar...

A sensação era de inspiração máxima. Do ar, do vapor de um banho quente de inverno... chegando a adormecer cada articulação, sentindo-se completa. Lara nunca havia enxergado a possibilidade de arrebentar a ostra... caminhar de forma tão livre e ao mesmo tempo, tão repousante pela grama. O dia emitia partículas iluminadas, e suspensas por instantes, pelo sentido maior de todas as coisas. Parecia magia perante os olhos tão fatigados de Lara. Não mais olhos de águia, mas com a mesma avidez pelo inédito, pelo sublime senso de existir.


Em sua natureza prolixa, nada surpreenderia. Já fora ousada; já fizera do sexo, sua arma para um jogo quase mortal. Agora estava sentindo-se, de alguma forma, fraca, fragilizada. Não havia de ser apenas pelo cansaço, o físico. Sentia-se abatida pelo tédio, pela necessidade de jogar nas relações humanas. Não tinha mais aquela força toda imperativa. O corpo desejava fundir-se com as árvores e os arbustos. Com a terra, com as flores tão férteis, tão vivas, tão sexuais, sem um preço tão alto. Uma orquídea pura e selvagem aberta, marcada pela natureza.
P.S.: Crédito de imagem - "Jardim de delícias" (Boch)

terça-feira, 5 de junho de 2007

Atropa beladona*




Eu queria voltar. Conseguir olhar para trás e sorrir. A velha idéia derrocada, de menina de tranças caídas e mal-feitas, rodopiando e se enrolando na própria saia. Abrir os braços com verdadeira alegria de ser. De sentir, de viver, de respirar o doce orvalho, a brisa que envolve o dia. É como se fosse o grande dia de pedaladas leves com o cabelo preso. O sorriso no rosto, o movimento nas pernas. A música pelo corpo todo. Em cada segmento, uma batida diferente. O toque no guidão de uma aspereza tocante, o olhar distante e vidrificado pelo ar límpido e por imagens tão recortadas. Eu me vi nesta lembrança, e revisei tudo com o olhar de uma águia. Eu estava com sede de ópio.


P.S.: Créditos da Imagem: Animação "História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa.

Fragmentação - Parte I


No meio do caminho, o abismo. Eu não sei pular, nem correr. Eu sei apertar minhas mãos no frio congelante. Sei espremer cada olho para que nenhuma lágrima caia ali, nenhuma água venha a umedecer a terra, nada para plantar nem ver crescer. Eu estava ali, de corpo presente. Mas meus pensamentos e sentidos já haviam viajado pelo vento há tempos... Uma gota cristalizou o néctar do desespero. A angústia gritando e arranhando a garganta. Meus lábios vermelhos e ansiosos pela grande hora. Eu estava ali. Numa lucidez assombrosa. A pele brilhava e refletia a iluminação do Deus-Sol. De alguma forma eu estaria interligada com os astros...