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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Vôo astral



Enquanto a ciranda se forma...


- Não sou uma borboleta, tia Sara! Eu sou um cavalo-marinho!

- Como assim, menina? Cavalo-marinho é para meninos azulados e solitários, que tem forma híbrida!

- Feminina? Ouvi um dia que anjos não tem sexo. Não escolhem. Apenas sobrevoam seres que precisam de maior proteção. Que significa que...

- ... significa que existem seres especiais que são capazes de perceber quando um semelhante perde o brilho do olhar. Que captam uma atmosfera mais densa no entorno da pessoa, e conseguem diluir a névoa com a simples luz dos sonhos.

- Mas... saberia distinguir esta luz da euforia banalizada? Do escárnio de pessoas com alma ao avesso?

- Consegue sim, Malu. É só não se deixar enganar pela ilusão de óptica, o holofote imaginário que cega o coração da pureza... Siga as pistas deixadas por tua intuitiva verdade, que não haverá perdição em tua estrada.

- Nossa, tia... tem detalhes demais pra se pensar. Tantos que parece que nem consigo me dedicar ao mundo dos sentidos. Não dá pra viver cada coisa de uma vez só? Separar o raciocínio da emoção? Ser humano é complexo demais... eu não entendo o que vejo.

- É tão complexo, quanto rascunhável. Pode ser simples, se conseguir enxergar que a essência nunca será perdida, uma vez que mesmo dissipada pelo vento, consegue florescer e desenhar borboletas! Pode ser conturbado, se insistir em manter a venda sob as janelas da alma, e persistir no que causa sofrimento.

- Saberei entender a essência? A minha, misturada com a dos outros seres? Joaninhas, abelhas, flor-de-lótus, saúvas, ouriços e crianças..? Não aprendi a fazer essa leitura...

- Saberá sim. Quando entender como a sua essência é interligada à todas as outras, você está pronta para amar e tornar-se o que quiser... até um cavalo-marinho!

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