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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

À flor da pele ou segundos de lucidez...






A mudança de estado da matéria: os pés que afundam na areia úmida, sugando dela a vitalidade, ou trazendo com cada passo, o peso e a verdade das coisas. A parte do todo do corpo, o fragmento de carne que tenta integrar a paisagem de fina natureza.

Quebrar a tenacidade. Extensões elásticas... e sombras dos passos pela areia. A caminhada é tão infinita! E os passos mudam. Reconfiguram-se. Desmancham em meio às partículas silicosas. Perdem-se as marcas pelo vento, mesmo que a verdade continue existindo. A verdade existe para quem sente. Mesmo que se pense que o que se sente é o transtorno transbordado.

Estupefata, sincera e à flor da pele. Este fora o desejo interior maior. Deixar meus pensamentos ao deleite das ondas. Entender espumas brancas como o espasmo-escape do frenesi erotizado do mar. O mar é masculino. E tão assexuado! Só de olhar, minha vista resplandece. Lucidez de mente e de coração ao apontar o desapontado horizonte. Está distante. E intocável desenho de uma linha única e sequencial. Intransponível. Precisava olhar para esta linha imaginária para entender com o que estou rompendo, e para onde meus olhos me levam neste instante.

O vento é doce e destrói castelos. Fico cega por segundos para recobrar a consciência de minha natureza complexa. E neste momento, em que fechar os olhos e sonhar é o que basta, consigo atingir o que não se explica em tempo algum... vejo a claridade de tantas almas em ebulição, ansiando pela grande mudança. A hora da estrela se esconde no horizonte aéreo de profunda paz rebelada... a revelação.

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