numa atmosfera de meia-luz vermelha
tensamente morna
que incendiava meus sentidos
e recobria meus olhos marejados
com fina superfície doce.
Era o entorno.
Era ele, com olhos de ressaca
Enlouquecendo na pista com o som,
com o giro no escuro do mundo.
Foi assim, quando me pediu um beijo
nada além de um beijo
Sem pesar muito, o dei,
com a alma condensada na boca.
Lábios, língua, olhos em transe.
Assim percebi no exato instante
em que meus pés ficaram
sem um ponto de apoio
que o mesmo abismo que me conduzia
à queda-livre
também me emocionava e
trazia sublimação
Trazia um ritmo descompensado
a minha dança em uma noite sem fim.
Nada mais do que uma outra noite
em que o amanhã se funde com a chuva,
com o sol disfarçado
com as notas no asfalto
com a flor que resiste ao medo
e à falta de contato.