Era tarde, mas parecia o início de um novo dia.
Tamanha claridade, que quase cegava seus olhos negros. Era o laranja intenso do sol que se recolhia, na posição contrária ao horizonte. Estava ali... faixa luminescente que carreava 1000 percepções por segundo. Preferiu fechar os olhos e sentir a delicadeza da vibração dos cílios aflitos... ávidos pelo latente amor que vinha do sol.
Era ele... somente ELE. O sol vosso de cada dia. Sua luz era profundamente sonora, com suspensões desenhadas pela divindade do universo. Era energia. Perfazendo o caminho que criava a intersecção entre espaço e tempo.
Estava ali. Com olhos fechados e corpo adormecido pelo êxtase da luz e do calor. Sem perceber, flutuava. O campo de flores microscópicas havia ficado a alguns centímetros... e sua luz fecundava a natureza que resistia a condições inóspitas, agrestes. Fecundava luz e recriava a infinitude. Lascivo repouso, suspenso.
Trilha sonora: O amor que move o sol - Egberto Gismonti
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