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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Água viva





Os cabelos estavam contrários

ao vento

A roupa já havia se fundido com o

corpo-matéria

Nada além de uma alma nua,

o giro na claridade absurda do dia

o salto na escuridão sedutora da noite

o movimento que precede o abismo

um mergulho na imensidão

dos sentidos, ouriços, anêmonas,

oceano em chamas

o vento na boca

a liberdade proferida

a dor estanque

a alegria desmedida.





Não sei do mar nem do porto que avistava
há tempos
Sei de cor as cores múltiplas
dos olhos sedentos de Netuno
Vou ao encontro, um mergulho
e do lado de dentro tento destruir as comportas
Tudo é pesado demais, e preciso da leveza pura
dos raios que penetram na água-viva
de minha alma.



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