Os cabelos estavam contrários
ao vento
A roupa já havia se fundido com o
corpo-matéria
Nada além de uma alma nua,
o giro na claridade absurda do dia
o salto na escuridão sedutora da noite
o movimento que precede o abismo
um mergulho na imensidão
dos sentidos, ouriços, anêmonas,
oceano em chamas
o vento na boca
a liberdade proferida
a dor estanque
a alegria desmedida.
Não sei do mar nem do porto que avistava
há tempos
Sei de cor as cores múltiplas
dos olhos sedentos de Netuno
Vou ao encontro, um mergulho
e do lado de dentro tento destruir as comportas
Tudo é pesado demais, e preciso da leveza pura
dos raios que penetram na água-viva
de minha alma.
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