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segunda-feira, 16 de junho de 2008

O topo invertido


O velho com corpo já derreado pelo tempo

pelo peso carregado de almofadas... de pedra

sentado, no centro da Terra

no topo do mundo

Observa, sem pressa, a estrela-maior

criando a ilusão que não seria de óptica

cria distâncias e arrebenta a corrente que fere a carne

a pele descama, pedaços se soltam

e solitária a mente flutua neste espaço...

O céu não trouxe o acaso

em um prato fino de porcelana branca...

O velho adoece de frio e a boca seca

as emoções que o faziam chorar

E depois que a noite chega, cala em um silêncio

que nem a dor visceral consegue traduzir...

transmite a história marcada no reverso

do caminho...

o caminho...

O velho renasce, com a ponta do sol

que surge discretamente imponente

no canto do quadro divinamente natural

E traz calor... aquece e dilata

o acalanto do espírito

antes castigado e ressequido

agora aberto e renovado

sincero...

Por dentro não existe mais matéria

Por fora não existe decomposição

Apenas o processo que sugere e digere

translada e transfigura

nas marcas de um rosto fragmentado

duvidoso

e que carrega em cicatrizes mapeadas

as marcas dos sentidos.

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