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sexta-feira, 25 de julho de 2008

The Dark Side of The Rainbow




O que está escondido além do arco-íris..? A imaginação cria o objeto da possibilidade fantasiosa: cor e movimento. A razão busca pistas, nas sombras recolocadas na desordem. A emoção finge que seduz o que consegue ver.
Entre ver e enxergar, um abismo prolixo. Um cemitério de desejos, escondidos com vestes de paraíso? Ouço a música ali produzida. Meus sentidos em desvairada sinestesia... desconexa?
Seria a menina com sapatos vermelhos reluzentes. Caminho sob o fogo e dele me sustento. E vivo o segundo da escuridão visível, com roteiro e direção estrangeira. Passatempo, contraponto aqui dentro. Sobrevivo da antítese emocional que deixou de ser concisa há tempos.
Em tempo: impreciso prisma.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

The fall*




Sem sono, o sonho.
Os passos, sem dança.
Balanços sonoros
Existenciais.
Morros uivantes
sem convidados
nem membros refratários

Prisma extrapiramidal

(Eldorado?)
E um cone em elipse
Eclipse do todo

Com mãos em figuração

Abstrata

Sem molduras.


E sentir?
Senti demais

Repousei na idéia
O bispo atravessa meu tabuleiro
E reina absoluto.

Vagalume no interior de conchas voadoras
Vazio...
Nas asas da borboleta

Sobre- o- vôo

Cores e montagens

Saltei, bailarina

Lágrimas são estrelas.











The fall - Electric Light Orchestra

I see the early glow
I hear you say hello

I watch the shadows fall
I don't see you at all
...
I see the autumn rain

falling on my window pane

I hear you say goodbye
I see a tear in your eye
...
Our love couldn't go wrong
How could I know, I was only dreaming
and now, now that you're gone
I will go on really believing
I take the fall

I see you slip away
into another day

there's no one else around

I watch the sun go down

...
I see you in a dream
you turn and start to go
I call to you once more

guess that I'm takin' the fall


...

domingo, 20 de julho de 2008

Um aprendizado - o vôo







O paraíso não é um lugar nem um tempo, porque lugar e tempo não significam nada...

O paraíso é a perfeição.













- A liberdade é própria de sua natureza, que todo aquele que se oponha a essa liberdade deve ser posto de parte, quer a oposição seja motivada por ritual, superstição ou limitação sob qualquer forma.

- Pôr de parte? Mesmo se for a lei do bando?

- Só a lei que conduz à liberdade é verdadeira. Não há outra.

...
Voar sempre esteve ao alcance de quem a quisesse descobrir. Não tem nada a ver com o tempo...

tudo o que dissemos acerca de nosso corpo não ser mais do que o próprio pensamento..?

...
Não creia no que os seus olhos lhe dizem. Tudo o que mostram é limitação. Olhe com entendimento, descubra o que você já sabe e verá como voar...



Extraído do livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.

Releitura para os novos horizontes.

Trilha sonora: Ravi Shankar

sábado, 19 de julho de 2008

A vida é doce






Ainda em processo de buscas... sigo com passos descompassados, e ainda assim verdadeira. A verdade intrínseca da minha existência.
Digna.
Meu olhar para o campo me indica uma nova direção...
Sofrimento gratuito não sustenta mais nada no crescimento... seguir adiante.
Crescem ervas daninhas e arranco-as com as unhas de quem transpira o instinto de viver.
Sobrevida?
Não. Quero a luz, que esteja bem longe...



Trilha sonora: Lobão - Pra onde você vai

Se, ao menos, no escuro eu
Conseguisse apagar
Dormir sem sonhar, apenas
Dormir sem sonhar...



Crédito de imagem: L. Néri


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Suíte de pescadores*







Tanto fazia se era a Lua ou a Medusa... poesia. Eram Júlia, Isabella e Marina, com olhares revestidos de maresia, pele e vestidos incorporados ao sol e ao fino sal...


Júlia, da janela, estendia tecidos perfumados ao vento... tingia o crú algodão de rubro, da cor de sua paixão pela vida, em uma bacia reluzente como seus olhos de abelha-rainha. Seu homem, talvez nunca de fato fora embora, nem se sabe se existira em algum tempo, ainda que a ilusão fizesse tua arte, teu sexo, e quiçá, fragilidade. Suas mãos lavavam o limiar grão da imortalidade, e cobriam com plumas naturais os pecados desta terra.


Isabella, aceitara sem resignação, a espera, em tempo infinito, de seu homem a completar sua metade ausente, sua metade doce... Desligava-se facilmente do mundo, do porto e de sua gente, para viver em uma atmosfera imaginária densa, com angústia e graça, devoção e leveza... para transpirar o amor em suas entranhas. O balanço de seu corpo, em carne lasciva provocava uma oscilação naturalmente perturbante afim de mergulhar até o fundo de sua alma, e quem sabe nunca voltar...


Marina, com o ar de quem muito se preza, inspirava o descaso de ser uma mulher de vila (de Athenas?) mas era na cidade grande que sua mente vivia, no território do impossível e do incerto, nas notas das canções, em suas feiras e movimentos de oferta. Com seu toque de sedutora indiferença a uma cultura rude, e olhos com sagacidade translúcida, espreitava, sentada, o segundo oportuno de partir com a trupe... partir para qualquer lugar, qualquer terra distante.


O acaso inverteu a ordem das páginas...e misturou, com ousadia, as vidas das 3 grampoulas... extendeu uma rede desenhada por cosmonautas extracontemporâneos. Assim, o vestido rubro foi recortado por sonhos, a trupe carregou as divagações apaixonadas junto com o pólen desprendido da modernidade. O instante do mergulho foi paralisado, e translocado para o avistar do horizonte, pela janela... A janela parece a mesma, avista o mar, os sedimentos, e bonecos de cacau com molduras diferentes... A refletida imagem pelo vidro arenoso multifocal, diverge em largura e altura... A visão, imprecisa, transfere a matéria para o sonho e o sonho para a insensata experiência humana que tende a saltar do cais.



*Para Bi e Lê, com carinho...




Trilha sonora:

Umas e outras

Se uma nunca tem sorriso
É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar
A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso às vezes ela pára
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar

Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão
A vida é sempre aquela dança
Aonde não se escolhe o par
Por isso às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar

Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste namorada
Coitada, já deitou com os seus
O acaso faz com que essas duas
Que a sorte sempre separou
Se cruzem pela mesma rua
Olhando-se com a mesma dor
Que dia! Cruzes, que vida comprida
Pra que tanta vida pra gente desanimar...

terça-feira, 15 de julho de 2008

Memória da lágrima desprendida.




Peso da memória.

Palavra-menina na mente casta.
Compulsivamente aflita. Alimento integral... derivadas emoções.


Saudades da fantasia abandonada.
Máscaras estilhaçadas pelo calçadão (de mármore..?)

Palhaço gigante, perna-de-pau. Olho de vidro, nariz colorido
Delírio na imaginada cena improvável.

Musicalidade redobrada, reluz a redoma florida das tardes...

Musicaos, saias plissadas, art nouveau

Sorrisos e casulos de amor.

A temperatura caindo progressivamente congela as mãos,
que buscavam o outro brinquedo, indevido, leviano plano.
O sexo dos anjos... dos loucos...
Corpos procurando fusão nuclear. Fissura, adicção, bipartição.

LPs riscados, empilhados no canto da sala, vazia

O girassol migrou e se transmutou.

O vinho carregado com tantos olhares sedentos...

mochilas nas costas, caminhadas e pernas insandecidas,

festivais de ilusões nada programadas.

Campos abertos à composição do sereno,
aos vícios, ao charme e à doçura. Cazuza, Chico, Capitus, refrão de bolero.
Lou Reed, Led, Lobão... e mais corações psicodélicos...
O sono breve das cabines voadoras e intimistas...

a companhia de Clarice,
entre fórmulas mágicas estruturais
em cirandas obtusas
transbordando o néctar da percepção
no advento do iluminismo revisitado.

Imagens recortadas, remontadas.
Coração em chamas, me chama de volta?
Agora a menina surda enxerga como a chama da vela

consumira o etéreo conhaque de forma tão rápida...

enquanto orquídeas intrépidas
cintilavam
no vazio do infinito da noite

no espaço crepuscular
embalando a cadente poesia
da vida, que ali, acontecia.





Trilha sonora:

The end - The Doors
Touch me - The Doors
Speak to me - Pink Floyd
Kashimir - Led Zeppelin
Amor - Secos & Molhados
Ave, Lúcifer - Mutantes
Desculpe, babe- Mutantes
Lei do sonho de um vagabundo - Casa das Máquinas

Última lágrima - Secos & Molhados

(João Ricardo)

Sigo sozinho
Bem devagar
Que estou com pressa
De chegar
Já faço parte
Parte menor
De um olho grande
Cego de vez
Prego uma peça,
Talvez
Ou faço pior
Digo uma asneira
É pecado
Não sei de que lado
Vou morrer
Vivo sorrindo
Morto de medo
Que a ultima chance
Vem cedo
Mas mesmo assim
A ultima lagrima
Não há de cair de mim.



Saudosismo a todo vapor.
UEL.
Com doses homeopáticas de ilusão e leveza... nossa linda juventude.


Crédito de Imagem: "Liberdade" - Rosa Lapinha


sábado, 12 de julho de 2008

Insônia I




Voltar para casa a passos largos. As ruas estariam estreitas demais? Beat acelerado? Não. Dormi e deixei meu sonho para trás. Sonâmbula, fui me sentir no meio de tudo... Cada nota, se descobrindo mais doce, e mais cruel. Cruel porque sei que o tempo vem como brisa e arde como ácido. Minhas marcas sobrevivem anaerobicamente. O oxigênio ocupou meu coração... retraído, intimidado. Busquei um sentido para o mundo, para ser, sentir e para a insanidade. Esqueci de fechar os olhos. Minhas retinas estão derretidas... minhas mãos buscam algo. Meu corpo se extende, e eu volto para casa. E assim me escondo do jogo.



*************************
Candomblé (Zabomba)

Vem bater o pé no chão
Pra prender a atenção
Pra soltar o que amarra
Use a imaginação
...
Bater o pé no chão,
Bater o pé, marcar o tempo
E se soltar


************************

E se eu me solto, você se joga..?
Te espero.


Crédito de Imagem: Pablo Fabián

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Seiva bruta* (qual o grau de fantasia necessário..?)





Engraçado como é difícil controlar a tendência à idealizações...
No mundo que me cerca, vejo imagens dissociadas de sua verdadeira alma.
São muitas as formas e as cores, os estilos misturados, uma mixagem esteticamente imperfeita, e fica cada vez mais complexo olhar para um lugar bem mais denso que a superficialidade humana.

Voltar para a compreensão da natureza, dos instintos?
Ser crú e desnudo no reconvexo desmundo...
Desejaria ser um animal naturalista?
Não, quero vegetal!
Xilema, e seiva bruta.
Sais minerais nutrindo, não essas pequenas pedras que atritam.

Respira e transpira.
O carbônico gás expelido. O mal abandona a forma de vida.
Fica oxigênio. Vida e dúvida?
Não... morte certa, como adubo transgênico.
Resseca e renasce em outro campo minado
Inevitavelmente equívoco.

Perguntas aéreas se dissipam
com as gaivotas sonhadoras.
Mesmo assim profanamente lanço mão das palavras
e secretamente te desejo no revés da loucura.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

E seu eu me perco... no Purgatório?







Deixemos a linguagem levemente poética apenas para ser...
Me liga?
Hoje não dá.
Molhei as flores
Rompi comigo
Fechei os olhos para abrir as portas
As veias em cólera..?
Não, sangue vivo!
Pulsando.
Nem inferno, nem paraíso
Purgatório em delírio.


Trilha sonora: Miopia - Sonantes

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Reflexos






Minha liberdade pequena e enquadrada me une à liberdade do mundo – mas o que é uma janela senão o ar emoldurado por esquadrias?
(Água viva, Clarice Lispector)

O Mito da Caverna ou a visão imediata da aprendizagem?